terça-feira, 12 de setembro de 2017

Exposição Somos Brasil

Uma história revelada num clique. Quem vê a foto de Tetê por Marcus Lyon (Somos Brasil a ser lançado quinta-feira 09/03) pode imaginar sua trajetória de 86 anos, seus sonhos acalentados, suas mãos de quem lidou na roça, sua fé inabalável na vida. Ela nunca imaginou que iria se alfabetizar aos 82 e que se transformaria numa artista incrível e fonte de inspiração para muito gente.

Segue abaixo um poema falado por ela, transcrito pela professora Jany Dilourdes inspirado no poema de mesmo nome da maravilhosa Cora Coralina. 
Nossa homenagens a todas as Tetês que ainda não se descobriram por esse mundo afora.



















ESTAS MÃOS
Therezinha Brandolim

Estas mãos
Faziam de um tudo!
Desde os 8 anos
ia com a enxadinha
carpindo atrás do meu pai
Ia com meu avô levar a comida do meu pai
meu avô ia na frente e eu ia atrás
As vezes levava um tropeção
e o caldeirãozinho
ia parar no chão

Estas mãos fizeram muitas coisas!
Ajudou a plantar arroz, feijão, milho,
algodão...
A escola era um passeio
quando chegava a colheita, lá ia
eu trabalhar

Depois casei e vieram os filhos: um,
depois o outro e mais um...
Uma grande alegria!
Mudamos para o Paraná
Sempre trabalhando

Os meninos iam para escola a pé
Para as meninas foi mais fácil
Em São Paulo, as escolas eram mais perto
Casou o filho mais velho
O filho mais novo

Perdi meu companheiro!
E estas mãos continuaram trabalhando

Depois de muita luta
Chegou a aposentadoria
Finalmente a vida ficou mais tranquila
E agora estas mãos fazem pão
e pinta quadros

Mas, meu coração estava sempre
na leitura e na escritura
Hoje estas mãos abençoadas
já estão escrevendo
Eu estou lendo!
Eu não queria morrer sem saber ler,
era meu sonho!


A História de Dona Leozira

Acreditamos que a educação tem o poder de transformar a vida das pessoas! E encontramos uma boa maneira de exemplificar essa filosofia: Dona Leozira, de 74 anos, foi alfabetizada adulta e nos conta como saber ler e escrever modificou totalmente a sua rotina. Não há palavras melhores para celebrar este Natal, já que a alfabetização é o melhor presente que uma pessoa pode ganhar!




"Querida Dona Leozira, foi uma honra ser sua professora, a senhora trabalhava, já tinha criado os filhos e ainda estudava é maravilhoso saber como a alfabetização pode ajuda lá a ter mais autonomia."- Jany Dilourdes


Bete da Hora Oi pessoal, eu sou filha da dona Leozira e venho dar o meu muito obrigada Jany Dilourdes Nascimento por tudo que fez pela minha mãe , sou muito grata a vcs e acreditem tenho muito orgulho desta guerreira! !



Fonte: https://www.facebook.com/PearsonBrasil/videos/712721805575107/?hc_ref=ARS6O2FyvnxdeXp2l36kjyq7_wX_-RFcnPjZ80wGksjqakFmkRmFzNov-C6Hq-5HqnM

Vídeo: Desigualdade Racial

A cada 12 minutos um negro é assassinado no Brasil. Não para por aí: a cor da sua pele influencia na sua educação, saúde e renda.


Segundo o IBGE, negro é aquele que se identifica como preto ou pardo.
Entenda como estamos longe de sermos igualitários em um país onde o preconceito racial atinge mais da metade da população.

"A Educação não é neutra, é política porque ou estamos do lado dos oprimidos ou estaremos do lado dos opressores." - Jany Dilourdes

Fonte: Revista Super Interessante

Com 12,9 milhões de analfabetos, Brasil não bate meta do Plano Nacional de Educação

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a taxa de analfabetismo estava em 2015 em 8%, ou seja, 1,5 ponto porcentual acima da meta.



RIO - O Brasil não atingiu a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que, em 2014, estipulou que, até 2015, 93,5% da população acima de 15 anos deveria estar alfabetizada. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que o IBGE divulgou nesta sexta-feira, a taxa de analfabetismo estava em 2015 em 8%, ou seja, 1,5 ponto porcentual acima da meta.

A taxa de analfabetismo segue em tendência de queda no País, no entanto os avanços são lentos. O porcentual de analfabetos entre as pessoas com mais de 15 anos era de 11,5% em 2004 e passou a 8,3% em 2014. Para 2015, a diminuição no contingente de analfabetos foi de 800 mil pessoas.

O PNE foi lançado em 2014 para estipular diretrizes e estratégias para a política educacional no País na década 2014-2024.

A pior taxa de analfabetismo está no Nordeste, 16,2% da população; a mais baixa é verificada no Sudeste, 4,3%. Em todo o País, a redução dos índices esbarra na dificuldade de alfabetizar adultos acima de 40 anos, especialmente os idosos. Entre as pessoas com mais de 40 anos, 30,8% não sabem ler nem escrever (em 2014, eram 32,3%). São brasileiros que não se alfabetizaram quando crianças e não foram atingidos por políticas públicas de ensino voltadas a adultos.

Já o número de anos de estudo está em 7,8 no Brasil, mais uma vez, com diferenças regionais: a média é de 8,5 anos no Sudeste e de 6,7 no Nordeste. 

Série Jornal da Record: analfabetos vencem dificuldades e mostram suas habilidades

O Jornal da Record apresentou esta semana uma série intitulada: Mundo sem letras, fui entrevistada na sexta feira, mesmo dia que a Tetê, confiram.
 

Alguns brasileiros analfabetos superaram o preconceito e mostraram que são capazes de ter sucesso em algumas áreas. Seu Pereira, por exemplo, um dia ganhou algumas caixas de refrigerantes, vendeu e abriu uma pequena venda que está sempre cheia na comunidade onde vive.

Maria Clara Di Pierro: “Perdemos 3,2 milhões de matrículas na Educação de Jovens e Adultos”

A educadora da Faculdade de Educação da USP diz que o programa não se adéqua às necessidades de adultos que precisam estudar e trabalhar.



















No Brasil, pessoas entre 4 e 17 anos são obrigadas por lei a estudar. Quem não se encaixa nessa faixa etária ou está numa idade muito defasada em relação ao ano que deveria estar cursando – como um jovem de 16 anos que ainda está nos primeiros anos do fundamental – pode contar com a  Educação de Jovens e Adultos (EJA). Hoje, a EJA é a alternativa oferecida pelo Estado para dar educação àqueles que não tiveram acesso ou desistiram da escola. O sistema de educação para adultos é de extrema importância para a formação de cidadãos, conscientes de seus deveres e direitos, e para a economia do país. Agregar educação significa agregar produtividade. Essa é uma área em crise no país.
Segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2014, as matrículas em EJA vêm caindo drasticamente nos últimos anos. Em 2006, mais de 8,3 milhões de brasileiros acima dos 15 anos voltaram a frequentar a escola. Oito anos depois, foram registradas 3,2 milhões de matrículas a menos na modalidade. “Essa queda mostra uma regressão. Vai na contramão dos direitos educativos já consolidados na nossa legislação”, afirma Maria Clara Di Pierro, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em educação de adultos.

Segundo ela, “a EJA é uma ferramenta preciosa para o desenvolvimento de qualquer país”. Especialmente do nosso, que tem cerca de 13 milhões de analfabetos. Dados do IBGE de 2014 estimam que o número represente 8,7% da população acima de 15 anos. Quando o critério é o analfabetismo funcional, os índices são ainda piores: 27% dos brasileiros são capazes de decodificar letras e números, mas não compreendem o que leem.
Em entrevista a ÉPOCA, Maria Clara apresentou possíveis motivos para a queda da procura de adultos por instrução e comentou a importância de investir mais nesse tipo de ensino. “A lógica de investir nas novas gerações e esperar os mais velhos morrerem é equivocada. Não é possível esperar as crianças crescerem para o país se desenvolver.”
ÉPOCA - A que a senhora atribui a diminuição expressiva do número de matrículas na EJA?
Maria Clara Di Pierro - Desde 2007, essa diminuição vem se manifestando. É uma queda contínua, que atinge as redes pública e privada, os ensinos fundamental e médio, as redes estadual e municipal. É um fenômeno que aparece como paradoxo. Em 2007, durante o segundo mandato do Lula, Fernando Haddad, que era ministro da Educação, inclui a EJA nos programas de assistência estudantil do governo. Ela passa a ter um livro didático, direito à merenda e ao transporte. Além disso, começa a receber recursos do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]. Com isso, em tese, aquelas condições precárias que passamos anos e anos denunciando estariam no caminho para ser superadas. No entanto, na contramão das expectativas, foi a partir daí que a demanda passou a cair. Estamos pesquisando para compreender esse fenômeno, mas ainda não há uma resposta cabal para sua pergunta. Apresento quatro hipóteses de ordens distintas que, juntas, estariam operando para a queda do número de matrículas. 
ÉPOCA - Quais são essas hipóteses?
Maria Clara - A primeira delas tem a ver com o mercado de trabalho. Durante o período em que a economia e as taxas de emprego cresceram, o mercado absorveu mão de obra mesmo com baixa qualificação, segundo dados do Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios]. Ou seja, a pressão no mercado de trabalho não estaria operando em favor de as pessoas retomarem o estudo. Se for essa a lógica, deveremos verificar um aumento da procura por matrículas nos próximos anos, já que o mercado de trabalho está mais seletivo.
A segunda hipótese é que ainda não construímos uma cultura do direito à educação ao longo da vida. O mesmo não acontece com a cultura do direito à educação na infância e na adolescência, que vem sendo construída desde a redemocratização. Hoje, é inaceitável que uma criança esteja fora da escola na chamada idade escolar. Uma mãe analfabeta, com muito baixa escolaridade, vai brigar pelo direito do filho a ter uma vaga na escola. Mas provavelmente não brigará pelo dela. Ela não se vê como alguém que tem direito à educação.
ÉPOCA - O que poderia ser feito para construir a cultura do direito à educação ao longo da vida?
Maria Clara - Falta atitude convocatória do poder público. Mobilizar adultos para estudar é difícil em vários países. Nessa etapa da vida, a educação vai competir com outras esferas prioritárias da vida: trabalho, família, atuação social e prática religiosa, por exemplo. Políticas de EJA demandam comunicação, convocação, mobilização, motivação, o que não acontece no Brasil – apesar de a Lei de Diretrizes e Bases dizer que o governo tem de fazer chamada pública. Com os meios de comunicação que temos hoje, isso poderia ser feito por mensagem de celular, rádio, televisão e internet. O governo, no entanto, apenas publica no Diário Oficial que as matrículas da EJA estão abertas. Obviamente, a repercussão é muito baixa.
ÉPOCA - Qual é a terceira hipótese?
Maria Clara - A inadequação da política pública, a começar pelo financiamento insuficiente. Apesar de a EJA estar incluída no Fundeb, ela tem o mais baixo fator de ponderação, ou seja, é a que menos recebe recursos do financiamento. Uma matrícula em EJA vale 80% do que vale a matrícula de um aluno na primeira fase do ensino fundamental urbano, que tem o maior fator de ponderação. Isso incentiva muito pouco o dirigente de ensino a investir nessa modalidade educacional, já que o adulto estudante custa a mesma coisa ou mais que uma criança ou um adolescente. Outro fator é o padrão de colaboração intergovernamental inadequado. Qual a lógica do MEC [Ministério da Educação]?  Ele cria programas como o Brasil Alfabetizado ou o Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego], e os governos estaduais e municipais optam ou não por aderir a eles. Aqueles que quiserem receber recurso federal para implantar uma iniciativa têm de aderir ao programa completo. Esse é um problema, a meu ver. O pacote inteiro pode não ser adequado ao contexto daquela região, daquele município. Cada um desses programas tem um formato, uma lógica e requer uma burocracia de gestão. Alguns municípios pequenos, com sistemas de administração precários, muitas vezes não têm condições de cumprir a burocracia exigida. Isso ocorre com o Brasil Alfabetizado. Uma bolsa para o alfabetizador que pode ser atrativa no Piauí não é em São Paulo.


ÉPOCA - Qual seria a saída para tornar os programas mais acessíveis?
Maria Clara - Seria o caso de mudar a lógica, de não ter mais programas pré-formatados. Seria bom se os municípios pudessem aderir a um projeto e formatá-lo com um pouco mais de liberdade, de acordo com seu contexto.
ÉPOCA - Essa dinâmica mais flexível tem riscos? Ao dar mais liberdade aos Estados e municípios, não fica mais difícil fiscalizar e acompanhar a eficácia do programa?
Maria Clara - Como o governo federal faz a regulação dos recursos dele? Por meio de um sistema centralizado chamado Simec [Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle].
Desde que o então ministro Haddad lançou, em 2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação [PDE], o modelo é o seguinte: o município ou o Estado adere ao PDE e faz um Plano de Ações Articuladas [PAR]. Depois, põe esse Plano de Ações Articuladas lá no Sismec e pede, por exemplo: “Para eu conseguir ampliar educação na zona rural, preciso comprar um ônibus”. Aí ele recebe o recurso e tem de prestar contas. Além disso, os alunos da rede pública são sujeitos a uma avaliação que indica o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] da rede em que estudam. É outra forma de regular a eficiência do ensino.
Esse é, basicamente, o sistema de regulação que o Ministério da Educação criou. Ele vale para a educação infantil, para o ensino fundamental e para o ensino médio, mas não para a EJA. Ela está fora desse sistema de fiscalização, seus alunos não são sujeitos a avaliações. Os municípios, por exemplo, quando assumem o compromisso de aderir ao Plano de Desenvolvimento da Educação [PDE], a única coisa com que se comprometem em relação à EJA é manter um programa de alfabetização de adultos. É pouco. Deveriam assumir o compromisso de lhes garantir educação básica e formação profissional. Assinam isso e nem sequer são monitorados. Se não cumprem esse compromisso, não são punidos, e continuam recebendo os recursos. Que fique claro: não estou dizendo que os alunos devam fazer a mesma prova que as crianças fazem. Estou dizendo que a fiscalização e o estímulo do governo federal à EJA deveriam ser mais efetivos.
ÉPOCA - A senhora poderia citar um exemplo de Estado ou município que não tem uma atuação satisfatória em Educação de Jovens e Adultos (EJA)?
Maria Clara - Conheço alguns que não têm programa de alfabetização e não são punidos. O governo do Estado de São Paulo, por exemplo. Ele não faz nada para superar o analfabetismo desde 1996. Empurrou a responsabilidade para os municípios. É claro que municípios maiores, como Ribeirão Preto, Campinas e Santos, não precisam dessa ajuda do governo do Estado. Mas há municípios pequenos com índices de analfabetismo nordestinos. Falta uma indução mais efetiva dessa colaboração entre governos. Enfim, é preciso remunerar melhor e cobrar mais as atuações em EJA.
ÉPOCA - E qual é a última hipótese?
Maria Clara - 
O quarto grande eixo de hipótese tem a ver com a qualidade da EJA. Numa cidade como São Paulo, que tem uma escola em cada esquina, por que adultos não estudam? Eles têm dificuldade em compatibilizar trabalho e escola. Ainda mais onde se perde muito tempo com deslocamentos. Além disso, quais as ofertas de estudo disponíveis? Escolas somente noturnas, com carga horária rigorosa e currículo escolar. O currículo dialoga muito pouco com a cultura e com a necessidade de formação desse perfil de estudante. Enquanto alguém quer terminar os estudos para fazer um curso técnico, outro quer estudar para acompanhar melhor o desenvolvimento dos filhos na escola ou para ler a Bíblia. Um modelo de oferta de educação que reproduz a escola da criança e do adolescente não os atrai. 
ÉPOCA - Por que não os atrai?
Maria Clara - Apesar de não terem escolaridade completa, os jovens e os adultos têm uma bagagem cultural, uma vivência maior. Desenvolveram estratégias de resolução de problemas, têm experiência profissional, construíram uma família. O currículo para eles tem de ser mais flexível.

ÉPOCA - Qual seria um modelo de ensino adequado às necessidades desse perfil de estudante?
Maria Clara - O modelo da escola pública espanhola La Verneda, de Barcelona, é um exemplo. Ela oferece aulas para adultos num sistema em que você pode acumular créditos numa área de conhecimento que mais lhe interessa, em ritmos variados. Isso não viola o marco curricular da educação geral e da educação de adultos. A escola fica aberta de manhã, à tarde e à noite e tem módulos interdisciplinares com duração de três a quatro meses. Assim, fica mais fácil adequar os estudos de acordo com seus interesses e possibilidades. Se você tem uma escola exclusiva para a Educação de Jovens e Adultos, fica mais fácil adequar a lógica da organização escolar às necessidades dessa população.
ÉPOCA - O sistema educacional brasileiro tem estrutura para implantar um modelo como esse?
Maria Clara - A questão é que estamos muito presos a esse modelo do ensino supletivo. Até porque a regulamentação de ensino é bastante rígida. Se você observar a seu redor os adultos com baixa escolaridade que poderiam se matricular na EJA, fica óbvio que os percursos e os currículos que lhes interessariam seriam muito diversificados.

ÉPOCA - Pensando especificamente na EJA, como a senhora enxerga a possibilidade de estudar à distância?
Maria Clara - Acho que devemos usar os recursos tecnológicos como meios auxiliares e complementares de ensino, mas tenho muitas restrições a esse sistema. Estudos mostram que autodidatismo é um conjunto de habilidades e competências pouco comum entre pessoas com baixa escolaridade. Elas têm baixos níveis de letramento, pouca vivência escolar e, portanto, não exercitaram método de estudo independente. Mesmo no ensino superior, a educação à distância tem taxas de abandono altíssimas. É difícil ter disciplina de autoaprendizagem. Fora que, em videoaulas, não há interação. Acho que todo mundo precisa de interação para se desenvolver.
ÉPOCA - Qual a importância de investir em Educação de Jovens e Adultos?
Maria Clara - A importância da EJA vai além da lógica do mercado. Não é só para qualificar mão de obra para acelerar o desenvolvimento do país. É especialmente importante para a formação da cidadania. A educação estimula a participação efetiva das pessoas na vida política e cultural, incentiva a relação positiva entre as gerações. São os jovens e os adultos que votam e educam as crianças. A lógica de investir nas novas gerações e esperar os mais velhos morrerem é equivocada. Não é possível esperar as crianças crescerem para o país se desenvolver.

E agora, Prô? Dica: Site disponibiliza vídeos sobre Paulo Freire

Educadores e interessados em educação podem assistir gratuitamente a vídeos sobre Paulo freire. Disponíveis no site Domínio Público, os dois vídeos contam com versão com tradução para Libras.



Nascido em 9 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, e autor de importantes livros, como "Pedagogia do Oprimido", Paulo Freire é um dos principais nomes da educação.

Paulo Freire está entre os três teóricos mais citados no mundo

De acordo com a Google Scholar – ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica –, o educador, pedagogo e filósofo brasileiro, Paulo Freire, é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos de universidades de humanas.

A pesquisa, realizada pelo professor Elliot Green, indica que o brasileiro foi mencionado 72.359 vezes. O filósofo Thomas Kuhn está em primeiro lugar, com 81.311 citações, e logo em seguida o sociólogo Everett Rogers, com 72.780.



Paulo Freire ganhou o prêmio de Educação pela Paz, da UNESCO

A obra de Freire, Pedagogia do Oprimido, está entre os 100 livros mais solicitados em universidades de língua inglesa pelo mundo, sendo a única brasileira a entrar na lista. O livro discute a contradição entre opressores e oprimidos e de como é necessário criar uma ação para solucionar essa oposição. Veja um trecho abaixo:

”Somente quando os oprimidos descobrem o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando, assim, sua “convivência” com o regime opressor. Se esta descoberta não pode ser feita em nível puramente intelectual, mas da ação, o que nos parece fundamental é que esta não se cinja a mero ativismo, mas esteja associada a sério empenho de reflexão, para que seja práxis”.

Paulo Freire, portanto, não é referência só no Brasil. É reconhecido internacionalmente e já foi homenageado com 29 títulos de Doutor Honoris Causa por diversas universidades, além de ter recebido prêmios como, por exemplo, o Educação pela Paz da UNESCO.


Professor mediador

A presença das tecnologias e das telecomunicações trouxe nova dinâmica à maneira de se comunicar, se informar e, sobretudo, aprender. Com o conhecimento descentralizado e fluido a partir de diversas linguagens e meios de comunicação, espera-se mais do papel do professor – que deixa de ser um transmissor de conhecimentos para se posicionar como um mediador de diversas linguagens e oportunidades educativas.




















Contudo, esta ideia de um professor que media é anterior ao advento das novas tecnologias. Teóricos como Célestin Freinet (1896-1966) e Janusz Korczak(1878-1942) já apresentavam o papel do professor como aquele que apoia o acesso ao conhecimento e não aquele que o detém.

Em definições mais recentes, segundo o educador Reuven Feuerstein (1921-2014), que dialoga sobre a teoria de Jean Piaget, mediar não é o mesmo do que interagir ou ensinar. Para ele, são fundamentais a presença de algumas características para que se efetive a mediação.

1. Intencionalidade e reciprocidade: Entende-se por intencionalidade a disponibilidade do mediador em utilizar o que estiver ao seu alcance para explicar da melhor maneira possível. Isso diz respeito a adaptar as linguagens tendo em vista a compreensão e fazer uso das tecnologias disponíveis durante o processo de aprendizagem. Em consonância com a intencionalidade do professor, deve-se ter o desejo do aluno de aprender. Para Reuven Feuerstein trata-se da reciprocidade.

2. Transcendência: A característica tem como objetivo promover a compreensão de conceitos de forma que eles possam ser aplicados em outras situações e contextos, que vão para além de uma situação avaliativa nas escolas.

3. Mediação do significado: Um conceito compreendido se interliga a outros já assimilados pelos alunos. O papel de mediar o significado é justamente contribuir para essas conexões e, assim, ampliar o processo de aprendizado.

Essas e outras caraterísticas inerentes a um professor mediador contribuem, sobretudo, para o desenvolvimento da autonomia perante o conhecimento, o que significa contribuir para a formação de cidadãos críticos e capazes de fazer uma leitura consciente das situações que os cercam.

Segundo o educador pernambucano, Paulo Freire (1921-1997), o papel do professor é estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem; em que professor, ao passo que ensina, também aprende. Juntos, professor e estudante aprendem juntos, em um encontro democrático e afetivo, em que todos podem se expressar.

Para o educador Rubem Alves (1933 -), a função de um professor é instigar o estudante a ter gosto e vontade de aprender, de abraçar o conhecimento.




segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Idosa aprende a ler e, aos 79 anos, se forma em universidade do Rio

Dona Leonides Victorino cursou História da Arte na Uerj.
Ela não sabia ler até os 67 anos: "Era triste, falavam que era analfabeta".


Uma idosa, moradora da Zona Oeste do Rio, resolveu aprender a ler e escrever aos 67 anos. Hoje, aos 79, dona Leonides Victorino, nascida na Zona da Mata de Minas Gerais, já tem até diploma universitário em História da Arte. A história foi contada pelo RJTV, nesta quinta-feira (23).

Dona Leonides passou a infância na lavoura. Começou a trabalhar como doméstica e lavadeira, mas nunca perdeu o foco. “Eu era meio triste, as pessoas falavam que era analfabeta, parecia que tinha uma faca que cortava o coração”, contou ela.

Foi quando ela, aos 67 anos, decidiu botar em prática o sonho de aprender a ler e escrever, junto dos cinco netos.

Em 2014, mais uma conquista. Dona Leonides se formou em História da Arte na Universidade da Terceira Idade, na Uerj. “Eu sonho grande, não sonho pequeno, não”, brincou ela.

Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/07/idosa-aprende-ler-e-aos-79-anos-se-forma-em-universidade-do-rio.html?utm_source=facebook&utm_medium=share-bar-desktop&utm_campaign=share-bar

Palestra: Teoria em Prática (Formação Pedagógica)


Formação durante o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo sobre como transformar as teorias do conhecimento de Emília Ferreiro e Paulo Freire em práticas alfabetizadoras significativas.

Educação: Caminho Suave: educação de forma bancária

Caminho Suave: você se lembra dela?


Cartilha de alfabetização publicada pela primeira vez em 1948 continua à venda no país em edição renovada

FONTE: http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Escola/noticia/2016/05/caminho-suave-cartilha-esta-de-volta.html

OPINIÃO:

"Que tristeza, os estudos de Emília Ferreiro chegaram ao Brasil na década de 80 e até hoje ainda há pessoas usando cartilhas, sem considerar o que o aluno já sabe sobre a escrita, tratando a educação de forma bancária." - Jany Dilourdes

Livros: Literatura Indígena.

Literatura Indígena.



Para saber mais acesse o link: http://lemad.fflch.usp.br/painel.mdi

Livros: 100 livros infantis com meninas negras

Este é um projeto do blog A mãe preta que busca trazer visibilidade para as meninas negras na literatura infantil.


Para saber mais acesse o link: http://100meninasnegras.com/?og=1

Livros: 10 histórias de cordel baseadas nas grandes mulheres negras da história do Brasil

Postado por Ceet.org
Talvez você nunca tenha conhecido a trajetória de sequer uma mulher negra na história do Brasil, não é? Mesmo na escola, nas aulas sobre o período da colonização e da escravidão, é provável que você não tenha lido ou ouvido falar sobre nenhuma líder quilombola, nem mesmo sobre líderes que foram tão importantes para comunidades enormes.
Essa ausência de conhecimento é um problema profundo no Brasil. Infelizmente, na escola não temos acesso a nomes como o de Tereza de Benguela, por exemplo, que recentemente se tornou símbolo nacional, quando o dia 25 de Julho foi oficializado como o Dia de Tereza de Benguela. Ainda assim, há grandes chances de que essa seja a primeira vez em que esse nome lhe salta aos olhos.

Para conhecer as histórias de luta dessas mulheres, é preciso mergulhar em uma pesquisa pessoal, que antes de tudo precisa ser instigada. Mas se as escolas e Universidades nem mesmo mencionam a existência de mulheres negras que concretizaram grandes feitos no Brasil, como a curiosidade das pessoas será despertada?”

Foi partindo desta ideia de que é preciso dar a volta e recolocar essas mulheres na história que Jarid Arraes resolveu escrever histórias biográficas de Cordel sobre 10 grandes mulheres negras da história do Brasil. Segundo publicação do próprio no site da Ceet – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desiguldades, ele resolveu lançar essas histórias que “contam as trajetórias e conquistas”, pois assim, “em sala de aula ou passando de mão em mão, a Literatura de Cordel pode servir como um rico material para que essas histórias sejam repassadas e discutidas.

A ideia é inovadora e espetacular: somente com informação poderemos ter mais lados de nossas história e, principalmente, conhecer mais daquilo que nos formos. Nesses cordéis, segundo Jarid, “é possível conhecer Zeferina, líder do quilombo de Urubu, Anastácia, uma escrava que até hoje é cultuada como santa, Maria Felipa, que foi líder nas batalhas pela independência da Bahia, e Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil.” Assim, “passo a passo, grandes injustiças históricas podem ser eliminadas, trazendo à tona a memória de guerreiras e mulheres negras brilhantes que foram de enorme importância para o Brasil.”, afirma ele.

Para começar, leia no Questão de Gênero o cordel que conta a história de Tereza de Benguela, disponível gratuitamente.

Conheça todos os cordéis biográficos em www.jaridarraes.com/cordel

Quem quiser mais informações, acesse o site da Ceet:

Vídeo: Racistas e Machistas não passarão

Regina Sousa: "Não vou deixar barato para o Danilo Gentili [apresentador que teria dito que a senadora parecia a 'Tia do Café' na sessão de votação de admissibilidade do impeachment]. Eu vou representá-lo em nome de todas das 'Tias do Cafezinho', em nome de todas as mulheres que servem cafezinho. [...] E se for preciso, eu servirei cafezinho". Assista:


Depois tem gente que tem a coragem de dizer que o Brasil é um país cordial sem preconceito e racismo. Vá ler Clóvis Moura! - Jany Nascimento

Vídeo: KIRIKU E A FEITICEIRA

Sinopse: 

Na África Ocidental nasce um menino minúsculo, cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem um destino: enfrentar a poderosa e malvada feiticeira Karabá, que secou a fonte d'água da aldeia de Kirikou, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro que tinham. Para isso, Kirikou enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar.

Assista abaixo o filme KIRIKU E A FEITICEIRA


Indicação: Literatura infantil e o combate ao racismo

Que livros lemos para nossos alunos na escola, que filmes exibimos? O Brasil é majoritariamente negro, nossos alunos se reconhecem nos personagens destas histórias ou o bom, o bonito é sempre o outro e não ele? Já que ensinar é um ato político o que fazemos em relação ao preconceito e ao racismo em nosso ambiente de trabalho?

O Brasil é um país majoritariamente negro, os livros que lemos para nossos alunos e os filmes que exibimos mostram personagens com os quais eles possam se reconhecer? Qual referencial do bom e do belo reforçamos ou rejeitamos? Será que por meio de nossa prática enfatizamos que o bom e o bonito é sempre o outro? Ou combatemos o preconceito e o racismo em nossa ação pedagógica por sabermos que ela não é neutra. - Jany Dilourdes

Vídeo: A História da Tetê No Programa Mais Caminho

O Mais Caminhos está sempre em busca de histórias de vida incríveis. Conheça a história da Tetê, uma senhora que aprendeu a ler e escrever aos 82 anos de idade. Além disso, ela é artista. O talento está nas suas telas feitas com tecido de chita, expostas diversas vezes em galerias de arte.

Lembramos dos tantos milhões de jovens, adultos e idosos brasileiros que não sabem ler e escrever, então deixamos aqui a História da Tetê que aprendeu a ler e escrever aos 82 anos e hoje é uma artista.

Palestra: Bett Brasil Educar

Hoje a educadora Jany Dilourdes e Maria Zulmira estiveram na Bett Brasil e assistiram a palestra: Como a Tecnologia Pode Contribuir para Renovar a Educação num Cenário Educacional em Constante Mudança? 

Professora:Lucia Dellagnelo formada pelo Harvard University Graduate School of Education e Diretora Presidente at Diretora Presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira-CIEB.

Lucia Dellagnelo do CIEB no Bett Brasil Educar

"Quem já fez os cursos sabe que eu sempre falo da importância da Professora e professor enquanto ser criador da ação pedagógica, não apenas mero reprodutor de praticas cristalizadas e hoje a palestrante falou da importância da CONFIANÇA CRIATIVA. Sintonia!" - Jany Dilourdes

Estar por dentro do que acontece no mundo da educação, saber o que pesquisadores de diferentes áreas estão estudando, como diz Emília Ferreiro é nossa obrigação!


Jany Dilourdes Nascimento e Maria Zulmira

sábado, 9 de setembro de 2017

Pensadores: Frase de Mirta Castedo


“Leitor e escritor é uma pessoa que necessita e deseja escrever cotidianamente e sabe como fazer.”
Mirta Castedo

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Pensadores: Telma Weiss

De acordo com Telma Weiss, antigamente se imaginava que para ler era preciso primeiro aprender o sistema de escrita e, então, começar a interpretar textos. Hoje sabemos que a capacidade de leitura não depende do conhecimento do valor sonoro de cada letra ou de saber juntar uma letra a outra. 

É preciso conhecer as características da linguagem escrita, que mudam conforme o gênero do texto. Não basta saber ler "Vovô viu a uva" para entender um jornal. É preciso conhecer esse tipo particular de linguagem.

Reportagem: Educação de Jovens e Adultos: princípios e práticas pedagógicas – 2016

Objetivo do documento é oferecer aos educadores que atendem a EJA temas e reflexões que dialoguem com o fazer diário.
A Divisão de Orientação Técnica da Educação de Jovens e Adultos (DOT-EJA), da Secretaria Municipal de Educação, apresenta para a Rede Municipal de Ensino de São Paulo o documento Educação de Jovens e Adultos: princípios e práticas pedagógicas – 2016.

Este documento, construído coletivamente, reflete esforços, pensamentos, experiências, conhecimentos e sonhos dos educadores que atuam na DOT-EJA, nas Diretorias de Orientação Técnico-Pedagógicas (DOT-Ps), na Supervisão Escolar das Diretorias Regionais de Educação (DREs), nas unidades educacionais e nos espaços educativos com EJA, levando em conta, também, a escuta e as experiências das regiões e territórios da cidade.

Seu objetivo é oferecer aos educadores que atendem a EJA temas e reflexões que dialoguem com o fazer diário, apontando caminhos que inspirem a construção do Projeto Político- Pedagógico que leve em conta as especificidades da Educação de Jovens e Adultos, servindo como elemento constitutivo e constituinte de práticas pedagógicas significativas. A ideia é que estas reflexões sirvam de disparador de novas possibilidades de estudo e planejamento para os educadores na perspectiva da construção de uma prática que considere o perfil do educando.

Neste Documento, o educador encontrará também temas e reflexões sobre o currículo da EJA, uma descrição do percurso formativo da DOT-EJA e DREs e a dinâmica estabelecida na Formação Inicial do MOVA-SP – 2014.

Clique aqui para acessar o documento Educação de Jovens e Adultos: princípios e práticas pedagógicas – 2016.

Palestra: Formação na Escola Bartolomeu Campos de Queiros












Formação na Escola Bartolomeu Campos de Queiros muita reflexão sobre fracasso escolar, de quem? Evasão ou Expulsão encoberta, INAF Indicador de Alfabetismo funcional. Entre outros temas, depois a parte mais prática da transposição da teoria.



Turma: Formatura dos alunos de Pedagogia





Turma de alunos da Pedagogia (Uniesp VGP)

"Parabéns aos formandos de Pedagogia, muito orgulho de vocês." - Jany Dilourdes

Reportagem: Sobe número de estudantes por sala de aula na rede pública de SP, diz estudo

Levantamento mostra que houve aumento de matrículas em 2016 ante 2015 e que governo estadual fechou ao menos 2,7 mil salas no mesmo período.

Por Caio Zinet, do Centro de Referências em Educação Integral
O número de alunos por sala nas escolas da rede pública de ensino do estado de São Paulo voltou a subir em 2016, revertendo tendência de queda observada desde 2007. Os dados fazem parte de uma pesquisa elaborada pela Rede Escola Pública e Universidade que reúne professores e pesquisadores em política educacional de diversas entidades de ensino superior de São Paulo.
Entre 2007 e 2015 houve uma redução no número de alunos por sala em todos os níveis. No Fundamental I (1º ao 5º) a redução foi de 31,3 para 27,4. Nos Fundamental II (6º ao 9º) o número de estudantes em cada turma foi reduzido de 35,4 para 30,3. No Ensino Médio a redução foi de 36,6 para 32,5 jovens por classe.
O estudo aponta que, no entanto, essa tendência pode estar em processo de reversão. Nos anos iniciais do Fundamental, a quantidade de alunos por sala subiu de 27,4, em 2015, para 27,5 em 2016. Já nos anos finais houve aumento de 30,3 para 31; no Médio houve o maior acréscimo: de 32,5 para 35,6.
Ampliação de alunos
Um dos motivos apontados pelos pesquisadores é a Resolução nº 2 da Secretaria Estadual, publicada no Diário Oficial do Estado em janeiro deste ano, que permite ampliar em até 10% o limite no número de alunos por sala de aula. As turmas do ciclo Fundamental poderão ter 33 e 38 estudantes por sala nos anos iniciais e finais, respectivamente. No Ensino Médio o teto é de 44 estudantes por turma, e no EJA 49 alunos.

Outro motivo apontado pela pesquisa é a redução no total de escolas que ofertam vários ciclos de ensino. “Isso significa que diminuiu o número de unidades escolares que a população tem à sua disposição, e que a oferta escolar está, em comparação com 2015, mais concentrada em um número menor de escolas”, aponta o estudo.

Por último, os pesquisadores também identificaram que foram fechadas 2776 classes de 2015 para 2016, apesar do número de alunos ter crescido no mesmo período. Para realizar o estudo, os pesquisadores solicitaram por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) dados da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. A partir das informações recebidas, concluíram que houve aumento de demanda e a resposta do governo foi fechar salas e ampliar o número de estudantes por unidade da rede.

No Fundamental I a variação de matrícula foi negativa em 628 estudantes e foram fechadas 184 salas. Na modalidade II desse mesmo ciclo houve uma redução de 26,4 mil nas matrículas e foram fechadas cerca de 2 mil turmas em todo o estado.

“Mesmo no Fundamental, em que houve recuo de 27 mil alunos matriculados, a diminuição registrada de 2,1 mil salas foi abrupta, implicando também no aumento do número de alunos por sala nessas modalidades”.

No Ensino Médio, o governo fechou 645 salas mesmo com um incremento de cerca de 70 mil matrículas. Apenas no EJA houve um aumento de 19 salas classes, ainda assim um número tímido diante do crescimento de 16,5 mil novos estudantes.

Observou-se, em 2016, um incremento de aproximadamente 70 mil matrículas no Ensino Médio e de 16 mil matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o que demandaria a abertura de novas salas de aula. Entretanto, ao invés disso, ocorreu a diminuição de 645 salas de aula no Ensino Médio e um aumento muito pequeno de 16 salas de EJA, implicando em aumento do número médio de estudantes por sala nessas etapas e modalidades”, afirma o documento.

Demografia

Ano passado o governo tentou implementar uma reorganização escolar. Os estudantes secundaristas ocuparam centenas de unidades da rede e barraram o processo que deveria ser discutido pela sociedade este ano.

Um dos alicerces que justificavam as mudanças era a queda na demanda pela escola pública. Segundo a Secretaria, com base em levantamento realizado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), havia uma tendência de queda de 1,3% ao ano da população em idade escolar no estado. Entre 1995 e 2015, a rede teria perdido quase 2 milhões de alunos, afirmou a Secretaria em texto que justifica a necessidade da reorganização.

Para eles, a redução do número de crianças e jovens em idade escolar ocorrerá, mas num ritmo absolutamente inferior ao da última década.A partir desses dados, o governo estadual resolveu colocar em prática uma política de redução de salas e fechamento de escolas para os próximos anos. Os pesquisadores, no entanto, questionam os dados usados pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB).

Segundo os pesquisadores, a própria Fundação Seade projeta, para 2030, uma população entre 6 e 17 anos de 6,8 milhões. “Isso implica uma redução de 300 mil pessoas, o que demonstra uma forte desaceleração em relação aos anos recentes”, afirma o documento.

Ao final, os docentes fazem uma pergunta chave para o debate. “Considerando que a tendência demográfica (ondas), o fluxo escolar e a migração inter redes não indicam de modo consistente uma tendência de redução de demanda educativa, ao que se soma o estoque de pessoas com baixa escolaridade a serem atendidas pela EJA, como se explica a redução do número de salas em 2016, sem que tenha ocorrido expressiva redução nas matrículas?”, finalizam.

Vídeo: Documentário - Quando Sinto Que Já Sei

Leia aqui sobre o documentário “Quando Sinto Que Já Sei”, que nos convida a refletir sobre a diversidade nas formas de aprender!

Cena do documentário “Quando Sinto que Já Sei”, da Despertar Filmes.

Será que todas as pessoas aprendem da mesma maneira? Faz sentido que em meio a tantas possibilidades de vivências e experiências todas as crianças construam o conhecimento a partir dos mesmos recursos e no mesmo ritmo? Onde e em que condições se aprende? O documentário “Quando Sinto Que Já Sei”, da Despertar Filmes, aborda essas questões pensando principalmente em um ambiente de aprendizagem: a escola.

Embora a escola não seja o único local onde a criança aprende sobre o mundo, ela é um importante espaço educacional, no qual os pequenos passam boa parte de seu dia. Assim, é necessário questioná-la e refletir sobre suas práticas. É possível que a educação escolar ocorra de várias maneiras e não só da forma como estamos mais acostumados? Será que os métodos tradicionais dão conta de favorecer a aprendizagem para todas as crianças?

O documentário conta com entrevistas de diversos especialistas como Tião Rocha, do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, Alessandro César Bigheto, pedagogo, filósofo e pesquisador em educação, Simone André, do Instituto Ayrton Senna e Ana Elisa, diretora da Escola Municipal de Educação Fundamental Amorim Lima. Além disso, é possível escutar das próprias crianças o que pensam sobre o processo de aprendizagem e como se sentem experienciando novos espaços que rompem com o formato escolar conhecido.

“Quando Sinto Que Já Sei” é um convite a refletir e perceber que as formas de aprender são tão variadas quanto as diferenças entre as pessoas. Assista e nos conte o que você pensou!
Confira aqui o documentário completo:

Reportagem: Apesar do aumento no número de matrículas em 2016, SEE-SP diminui o número de salas de aula nas escolas

Dados apontam aumento de 60 mil matrículas e diminuição de 2800 salas de aula em 2016 na rede estadual paulista
Fonte: Rede Escola Pública e Universidade

Pesquisadores da Rede Escola Pública e Universidade, constituída por docentes de diversas universidades públicas do estado, divulgaram dados que mostram que, apesar do compromisso do Governo do Estado de suspender o processo de reorganização das Escolas Estaduais paulistas, há em curso um processo de redução de salas de aula, configurando uma possível “reorganização silenciosa” das escolas. O assunto será discutido neste sábado (16 de abril) em um Colóquio organizado por essa Rede para debater o tema.

A Rede Escola Pública e Universidade foi criada por um grupo de professores e pesquisadores da USP, Unicamp, UFABC, Unifesp, IFSP e UFSCar motivados pelos acontecimentos de 2015, em que os estudantes realizaram numerosos protestos e ocupações de escolas contrapondo-se à reorganização proposta pelo governo. O objetivo do grupo é realizar estudos, pesquisas e intervenções, visando ampliar o debate sobre a qualidade de ensino na rede estadual de ensino.

A primeira ação desta rede será a promoção do Colóquio Reorganização em Debate. As políticas educacionais e os movimentos de resistência, no dia 16 de abril próximo, no Auditório Marcos Lindemberg - Edifício de auditórios da Unifesp, na Rua Botucatu, 862 na Vila Clementino, das 8h30 às 17h3. O objetivo será discutir, sob diferentes perspectivas, o processo de implantação da reorganização da rede e as resistências à sua efetivação, considerando questões como a gestão democrática, a demanda social, direito à educação e sua qualidade. As inscrições são gratuitas e já estão abertas no site da Unifesp http://www.unifesp.br/reitoria/proex/index.php/acoes/cursos-de-extensao-....

Neste evento, serão apresentados e debatidos os dados coletados pela Rede e que indicam a possibilidade de que a Secretaria Estadual de Educação esteja realizando uma “reorganização silenciosa”. Os pesquisadores analisaram os dados do cadastro das escolas da rede estadual, obtido da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo através da Lei de Acesso à Informação, e compararam as situações de 2015 e 2016 em relação a número de alunos, de turmas e de escolas que oferecem cada ciclo de ensino. Os resultados estão resumidos na Tabela 1 abaixo:

Tabela 1. Variação no número de matrículas, classes e escolas na rede estadual, ensino presencial, estado de São Paulo, 2015-2016


Observou-se, em 2016, um aumento de aproximadamente 70 mil matrículas no Ensino Médio e de 16 mil matrículas na Educação de Jovens e Adultos, o que demandaria a abertura de novas salas de aula. Entretanto, ao invés disso, ocorreu a diminuição de 645 salas no Ensino Médio e um aumento muito pequeno de 19 salas da EJA, implicando em aumento do número médio de alunos por sala nessas etapas e modalidades. Mesmo no Ensino Fundamental, em que houve um recuo de 27 mil alunos matriculados, a diminuição registrada de 2100 salas foi muito mais abrupta, implicando também no aumento do número de alunos por sala nessas modalidades. Com o aumento da lotação das turmas, há uma possível precarização da qualidade de ensino.

Além disso, o levantamento apurou também em 2016 uma diminuição do número de escolas que oferece as diversas modalidades de ensino (exceto no que diz respeito ao Ensino Médio, em que houve um aumento de 8 escolas). São 23 escolas a menos que oferecem as séries iniciais do Ensino Fundamental, 5 escolas a menos nas séries finais do Ensino Fundamental e 39 escolas a menos na Educação de Jovens e Adultos. Isso significa que diminuiu o número de unidades escolares que a população têm à sua disposição para matricular os filhos, e que a oferta escolar está, em comparação com 2015, mais concentrada em um número menor de escolas.

Fonte: Rede Escola Pública e Universidade

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Indicação: Bibliotecas Digitais

https://eagoraproalfabetizacao.blogspot.com.br/
Conheça os principais acervos digitais:

Livro: Projeto lista 100 livros com protagonistas negras

Por Bruna Ramos 
Leitora voraz desde a infância, a livreira Luciana Bento acredita que não ter tido contato com livros que trouxessem personagens negras como protagonistas deixou uma lacuna na formação de sua identidade. “Não lembro de nenhum livro infantil que eu tenha lido na minha infância com protagonistas parecidas comigo fisicamente, ou seja, com meninas negras”.



No início de 2016, determinada a evitar que o mesmo acontecesse com suas filhas, e inspirada pelo trabalho de sua livraria itinerante - a InaLivros, especializada em literatura negra, com um olhar especial para a literatura infantil --, Luciana criou o projeto “100 livros infantis com meninas negras”. Em sua busca pessoal, Bento catalogou 80 livros e decidiu pedir ajuda para descobrir outros 20. “Muitas pessoas adoram a ideia, aparecem com várias dicas e hoje a lista já chega a 130 livros. Estou publicando aos poucos, porque estou lendo todos os livros e selecionando aqueles que realmente possuem histórias que colaborem para valorização da negritude e elevação da autoestima”, relata. Os livros são postados em seu tumblr e Facebook, sempre com a foto da capa, nome do autor, ilustrador, editora e um breve resumo.

Luciana acredita que o acesso a esse material pode mudar a infância de todas as crianças, negras ou não.
Para a livreira, não é honesto que escolas não incluam em seu material didático e paradidático a realidade da diversidade de origens étnicas que compõem a sociedade. “As crianças não deveriam ler livros só com personagens brancas e depois saírem nas ruas e verem uma população multicolorida como a nossa”, pontua.

Uma questão recorrente em livros com protagonistas negras é a valorização do cabelo crespo. Ver personagens com cabelos parecidos com os seus, sendo associados a beleza, é um fortalecimento da autoimagem positiva das meninas, acredita Luciana. Porém, diversos outros títulos da lista contam histórias que sequer falam de preconceito racial, apenas optaram por ter protagonistas negras. “É uma forma de naturalmente refletir a diversidade da nossa população e não deixa de ser uma iniciativa de combate ao preconceito”, diz Bento.

Creative Commons - CC BY 3.0 - Montagem livros.Reprodução: 100 meninas negras

E os meninos?

A lista catalogada por Luciana é repleta de princesas, guerreiras, meninas curiosas e profissionais bem-sucedidas. Tem Dandara, Betina, Sara, Luanda, Lelê e Lulu. Fala da Ritinha, que cada dia da semana está com um penteado diferente. Da Aninha, uma garotinha gorda que sonhava em ser bailarina. É um compilado de personagens que retrata de forma ampla as peculiaridades femininas. Mas e o universo infantil masculino? Por que não está incluído nesta lista?

Luciana diz que sua intenção com o projeto é contribuir para a diminuição do preconceito racial e de gênero. Restringir a busca a personagens femininas, segundo ela, foi o viés inicial da motivação. Porém, uma segunda lista sobre meninos já está sendo pensada. Por enquanto, Luciana afirma perceber uma maior dificuldade em encontrar publicações com protagonismo masculino negro e adianta ter encontrado uma carga dramática muito maior nessas histórias com meninos em posição de vulnerabilidade. “Acredito que esse seja um assunto que eu preciso investigar com mais profundidade antes de propor uma lista de 100 livros”. 

Livros

Associar elementos da negritude a aspectos positivos pode fazer muita diferença na infância de crianças negras. Além de passarem a se enxergar de maneira positiva, se veem representadas e valorizadas, o que não é muito comum na mídia em geral.

Confira algumas histórias que podem ajudar na construção da identidade de meninas negras, e a opinião de Luciana sobre cada uma delas: Bia na África (Ricardo Dreguer): "Uma menina negra que lê este livro pode, por exemplo, sonhar em ser diplomata como a mãe da Bia, porque ela lê isso no livro e vê que é possível. Pode sonhar em conhecer a África e vários outros locais do mundo"
Meu Corpo (Lisa Bullard e Brandon Reibeling): "A criança pode se interessar em ser médica como a tia da Mariana, porque ela vê uma mulher negra como médica no livro".
Os Mil Cabelos de Ritinha" (Paloma Monteiro e Daniel Gnatalli): "O livro fala de uma menina que está cada dia da semana com um penteado diferente, feito pela mãe, pelo pai, pela avó... Além de ser uma representação de família negra unida, o livro trabalha a autoestima das meninas negras por meio da valorização do cabelo crespo, que ainda é alvo de muito preconceito na nossa sociedade".
Dandara, seus cachos e caracóis (Maíra Suertegaray e Carla Pilla): "O livro retoma a história negra no Brasil e as origens africanas para valorizar o cabelo cacheado ou crespo como uma herança dessa ancestralidade".
Princesa Violeta (autora: Veralindá Ménezes): "Nesta história existe a desconstrução de estereótipos. Meninas negras podem ser princesas, sim!"
A coleção Sara e sua turma (autora: Gisele Gama Andrade): "Os livros falam de adoção interracial com naturalidade, mostrando como uma família se estabelece por vínculos amorosos, sem qualquer preconceito".